Bem-vinda ao debate

Parece que alguém anda em delírio biliar agudo, tanta é a azia que lhe provoca a opinião diferente que logo é catalogada de anti-americana, comuna, nazi e com falta de "visão". Ou até mesmo, no fim, num último refluxo gástrico, de “filho da puta”. Nada que uma pastilhinha Tums não cure. E isto, do fdp, porque, este fdp em concreto, mentiu quando num seu trabalho, censurado na Democracia (leia-se EUA), afirmou que os jovens soldados da Democracia são quase todos recrutados nas zonas pobres dos EUA, que há ligações perigosas – ao nível dos negócios – entre o presidente Bush, e Bush papá, e importantes famílias sauditas (incluindo a de Osama Bin Laden), que os Bin Laden foram autorizados a sair do país logo a seguir ao 11 de Setembro, que a Guerra no Iraque foi baseada em mentiras. Tudo isto mentiras que dão direito a ser filho da puta.

Mas é claro, todos sabemos (nós e 70 por cento dos que votaram Bush) que o Iraque era uma ameaça para o mundo, que tinha armas de destruição maciça (e se não foram encontradas é porque ainda vão ser), e que tinha ligações perigosas com Bin Laden e com terrorismo internacional. Todos sabemos disso.

Só não sabemos é que o Iraque é, a quinta maior reserva de petróleo no mundo (quando sabemos que dois dos principais fornecedores de petróleo dos EUA ameaçam acabar com essa condição - a Venezuela de Chavez e a Arábia Saudita dos fundamentalistas aliados (por agora) dos EUA), (era) a principal ameaça na região a Israel. Que foi sempre uma pedra no sapato do papá e que a sua invasão já estava preparada antes do 11 de Setembro.

Só não sabemos, também, que é uma guerra, fundamentada em mentiras, feita à revelia do Direito Internacional e da Carta das Nações Unidas. Portanto, ilegal e ilegítima. Mas não sabemos que, sobretudo, originou uma catástrofe humana de centenas de milhares de feridos e mais de 100 000 mortos inocentes. Não sabemos de nada desta miséria.

Noutro plano, também não sabemos que os EUA, continuam a boicotar Tratados Internacionais da maior importância como o Tratado Anti-minas (Tratado de Ottawa), o Protocolo de Quioto ou o Tribunal Penal Internacional. Ou a convenção de Genebra, que se esperaria que, pelo menos, os países civilizados a respeitassem. Ora, não é o caso nem em Abu Grahib, nem muito menos em Guantanamo, nem tão pouco, há dias, quando um soldado americano matou um velho iraquiano já ferido de morte. Quanta a esta última situação, a pergunta que se tem de fazer é:
O que fazem os soldados norte-americanos quando não há câmaras por perto?


Pontos soltos:

Cuba também tem uma taxa de analfabetismo inferior a 1 por cento. Não me parece um bom exemplo;

Quem quiser que experimente ficar doente nos EUA e não ter dinheiro para pagar um seguro de saúde. É bem provável que morra na valeta;

Quem quiser que experimente, quando tiver 40 anos, despedir-se para ver se tem facilidade de arranjar emprego (isto claro, se nunca foi ministro ou secretário de Estado);

Quanto ás férias, à imagem do que se passa em todo o mundo pobre, subdesenvolvido (que é a grande maioria da população mundial), os 34.6 milhões de pobres da sociedade americana, ou os dois milhões da sociedade portuguesa nem sequer de férias vão, quanto mais hotéis de 5 Estrelas. Primeiro têm de comer.;

Por outro lado, a sociedade americana é uma sociedade na vanguarda em várias áreas como a investigação, a ciência, o pensamento político, ou até mesmo no seu cosmopolitismo. Cidades como Nova York são um bom exemplo disso. O problema é que os EUA não são Nova York. Antes fosse e não estaríamos como estamos.