Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

quinta-feira, dezembro 16, 2004


«Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.»
Ausência, Vinícius de Moraes, Antologia poética.


(Este poema está numa tela que cobre uma das parede do Niko. Foi posto há dois dias.
Apesar de ser um belo poema, acho que não se enquadra na estética do espaço, por ser um poema triste.)



1 Comments:

Blogger Nuno Manuel Lebre Martins diz...

Podera nao ser o espaco adequado ao poema... mas acho que quem estiver la e o ler se enquadrara com algo que ele transmite, dai o poema se adequar ao espaco... eu li e adorei... serio, ate acho que vou por no meu blog tambem... se nao se importarem... espero que nao!!! Sinceramente gostei do poema... muito!!!

4:12 da manhã

 

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