Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

terça-feira, junho 14, 2005


O lobby nuclear est� a tentar modificar a regulamenta��o internacional de modo a ser autorizada a presen�a de poluentes radioactivos na nossa alimenta��o!!!
� incr�vel mas, infelizmente, � verdade!

Logo ap�s a cat�strofe de Tchernobyl em 26 de Abril de 1986 os governo elaboraram normas comuns para a gest�o de futuros acidentes nucleares. A contamina��o ent�o gerada tinha apanhado os governos de surpresa, e cada qual definiu as suas pr�prias normas, que variavam conforme os gastos que cada Estado estava pronto a gastar para limitar a quantidade de radioactividade a ingerir por cada indiv�duo. A variedade de limites fixados levou � interpela��o dos respons�veis acerca das arbitragens efectuadas entre as autoridades de sa�de e os interesses econ�micos. Situa��o inc�moda que nenhum governo deseja naturalmente viver. Entre 1987 e 1989 a ac��o desenvolvida foi muito intensa. A n�vel europeu o trabalho foi efectuado no quadro do tratado do Euratom. A n�vel internacional, o dossier foi entregue � Comiss�o do Codex Alimentarius, uma estrutura dependente da Organiza��o Mundial da Sa�de e da FAO encarregada na elabora��o de normas alimentares que regulem o com�rcio internacional.

A regulamenta��o sa�da destes trabalhos fixa os n�veis de contamina��o �aceit�veis� nos g�neros alimentares durante as situa��es de crise. Os limites ent�o fixados n�o s�o certamente muito protectores, mais a verdade � que apresentavam duas garantias fundamentais: Tais �normas� s� teriam validade numa situa��o p�s-acidente e sempre com uma dura��o limitada - uma dura��o que, segundo o regulamento europeu, devia �ser t�o breve quanto poss�vel�, e que �n�o devia ultrapassar os 3 meses�. Ora assiste-se actualmente � tentativa por parte do lobby nuclear de fazer desaparecer estes limites temporais.

Tudo come�ou por iniciativa da Ag�ncia Internacional de Energia At�mica (AIEA), um organismo das Na��es Unidas com duas miss�es: controlar o nuclear militar e promover o nuclear civil.Em 2002, esta Ag�ncia instou a Comiss�o do Codex alimentarius a rever a regulamenta��o relativa ao com�rcio dos alimentos contaminados. A Comiss�o respondeu favoravelmente�tendo encarregado a pr�pria AEIA (!!!) a elaborar um texto regulamentador sobre a mat�ria!

Resultado: a regulamenta��o preparada sob os ausp�cios da Ag�ncia de promo��o do nuclear civil prev� limites de contamina��o dos alimentos que ser�o, daqui para diante, sem qualquer limita��o de tempo e o seu campo de aplica��o estendido n�o s� para as situa��es de crise mas ainda para a pr�pria gest�o dos despejos controlados das instala��es nucleares. A l�gica que se quer impor ser� n�o mais limitar por um tempo a contamina��o provocada por uma crise nuclear, mas autorizar definitivamente a presen�a de poluentes radioactivos nos nossos alimentos.

Tratando-se de poluentes cancer�genos e mutog�nicos reconhecidos, a AIEA n�o tinha outra solu��o sen�o reafirmar os seus riscos. De facto, o texto afirma claramente a inocuidade das novas disposi��es: os alimentos cuja contamina��o n�o ultrapasse os limites fixados pela AIEA �devem ser considerados como seguros para consumo humano�.

O problema � que, como valer� a pena verificar, os n�veis por dose, logo de risco, s�o de 100 a 2.000 vezes superiores �quilo que pretendem os autores do projecto. J� n�o estamos no patamar do risco �negligenci�vel� mais bem pelo contr�rio nos n�veis de risco completamente inadmiss�veis.

A afirma��o, segundo a qual o consumo dos alimentos contaminados abaixo dos limites est� fora de risco, esquece de precisar que isso s� � v�lido na condi��o expressa que eles n�o sejam mais que 0,1% da alimenta��o total de uma pessoa. Ora 0,1% representa menos de 10g. por dia para um adulto e menos de 2g. para uma crian�a pequena. Trata-se de um pequeno detalhe que faz toda a diferen�a.

E quando se fica a saber que o projecto regulamentar n�o prev� absolutamente nada para garantir o respeito destas percentagens, nem sequer que os consumidores fiquem em condi��es de identificar os produtos com tais contamina��es, pode-se ent�o avaliar o alcance do procedimento que est� em vias de ser aprovado. Sob a refer�ncia ALINORM 04/27/12, o projecto da AIEA j� passou sete das oito etapas exigidas para a adop��o das normas oficiais do Codex alimentarius. A luz verde, correspondente � adop��o definitiva do projecto, ter� lugar no in�cio de Julho em Roma.

H� toda a urg�ncia nesta mat�ria. Se a nova norma for aprovada, n�o haver� possibilidade de recurso: nem para os produtores nem para os consumidores, nem mesmo para os Estados que se sujeitaram �s penaliza��es da Organiza��o Mundial do Com�rcio caso bloqueiem o com�rcio de alimentos �legalmente� contaminados!!! Ainda estamos a tempo de fazer fracassar o projecto daAIEA�desde que n�o fiquemos passivos.


(texto de Corinne Castagnier, directora da Comiss�o de investiga��o e informa��o independente sobre a Radioactividade, CRIIRAD, publicado en edi��o francesa da revista L�ecologist n�15, Avril 2005)

H� uma peti��o a correr pela Net.

Mais info:
www.criirad.org

via Indymedia
SPM