Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Não há pachorra

Não tardaram reacções classificando Soares de ter sido mau carácter no último debate realizado com o seu mais importante adversário. Num país de brandos costumes, com resquícios dum passado de quem dizia o que pensava levava nos cornos, soares quebrou este atraso de mentalidades atacando e dizendo tudo aquilo que Cavaco não queria ouvir. A Ideia que há pessoas intocáveis e que não se lhes pode dizer nada que as ofende é velha como o bolor, aliás, sempre foi assim até à revolução de Abril. Pois bem, estranhamente, consolidados democraticamente – e a isso devemo-lo a Soares, em várias alturas – assistimos agora a reminiscências de um passado não muito distante, mas velho, do endeusamento de alguém, onde não há margem para uma crítica nem para confronto político, sob pena de se ser acusado de falta de carácter: uma blasfémia.
Pois, é. Mas é preciso que se digam algumas coisas mesmo sob a censura e reprovação geral vindas de todo o lado. E Soares, tal como Louça – faça-se-lhe justiça –, disse-o, e por isso muitos não gostaram, porque tal como Cavaco temem o confronto político, falta-lhes cultura democrática para entender que é na discussão e no confronto de ideias que as pessoas se entendem numa sociedade plural e democrática.