Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

O vovô da bomba


-- MENINOS, SURPRESA!!!!... CHEGOU O BISAVÔ DE BOLIQUEIME!!!...

(A ninhada dos netinhos vem ver o célebre Homem da Bomba)

-- Vovô!... Vovó, venha ver: chegou o pai do vovô!...

(Maria, Modesta e Modista larga as bainhas que estava a coser, e lança-se nos braços do sogro)

-- Vá, meninos, o avô veio dar um empurrão no seu Aníbal, para ver se ele ganha as eleições. Desde que fui mancebo que sempre sonhei ter um filho Presidente da República, mas um Presidente a sério, como havia antigamente, um Marechal Carmona, um Craveiro Lopes, um Américo Thomaz de Boliqueime!...Vá, meninos, vamos todos marchar aqui, atrás do avô!...

(Estende o braço e canta o Hino da Mocidade Portuguesa)

-- Lá vamos, cantando e rindo...

VÁ, AGORA TODOS, BRAÇO NO AR, ATRÁS DE MIM...

(os netinhos fazem fila, e a saudação fascista)

LÁ VAMOS, CANTANDO E RINDO

LEVADOS, LEVADOS SIM

PELA VOZ DO SOM TREMENDO

DAS...

vá, agora todos comigo

DAS (MA)TUBAS CLANGOR SEM FIM!...

AH, GRANDES TEMPOS!...

Um rapaz fazia-se moço cedo, e ia à guerra, vá, repitam agora com o avô:

-- ANGOLA, ANGOLA É NOSSA!...

Ah, meu grande filho, que orgulho que tenho em ti, ainda me lembro de passar os dias agarrado à mangueira, um tostão metido a mais aqui, um tostão metido a mais ali, um engano nas facturas, um litrinho contado a mais, estes trocos ainda há-dem pagar o canudo do meu filho, ainda vou ter um filho dótôr, Presidente da República, se Deus quiser, SALAZAR, SALAZAR, SALAZAR, aquilo é que era um homem honesto, acima das políticas, a política dele era o trabalho, DEIXEM O MEU FILHO TRABALHAR: Aníbal conta com o teu pai, se isto der para o torto, somos nós que vamos a eles!...


(Cai o facho)