Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Ó pá, não te preocupes o gajo até é comunista!

Porquê que isto não anda para a frente? Aqui fica um exmplo: muito se tem falado da EDP, deste sector estratégico... aqui fica o exemplo de como lidar com sectores estratégicos em Portugal:

"No centro de toda a agitação está
Joaquim Pina Moura (1º. Contrata-se um gajo com conhecimentos nos sitios chaves). Como ministro da Economia de António Guterres foi arquitecto do modelo energético de 1998 que abriu a porta do capital da EDP e da Galpenergia aos espanhóis da Iberdrola e deu a minoria de bloqueio à ENI na petrolífera, com a possibilidade de os italianos chegarem à maioria. Hoje, como presidente da Iberdrola Portugal(2º. Dá-se-lhe boa condições de trabalho, um cargo à altura da resposabilidade e da influência e contactos), cargo que acumula com o de deputado, disputa um lugar no conselho superior da eléctrica e o reforço da sua participação accionista. Teve até um pré-acordo firmado com o BCP para o efeito (3º. Quem melhor para tomar estas decisões, que um gajo que está completamente inteirado dos objectivos de todas as partes envolvidas no negócio).

Em Maio de 1999, o ministro convida quatro empresas estrangeiras para tomarem uma participação estratégica na Galp (que concentrara a Petrogal, GDP e Transgás) até 15 por cento:
Iberdrola, Cepsa/Elf, ENI e Williams. Na fase final, ficam a Iberdrola e ENI. Cinco meses depois, a ENI já não quer 15 por cento mas um terço do capital da Galp: uma minoria de bloqueio. O Governo aceita. Com a intervenção de Pina Moura, a Petrocontrol acaba por vender os seus 33 por cento aos italianos e à EDP e sai da Galp. A parceria Galp/ENI/Iberdrola é assinada em 17 de Janeiro de 2000 e o acordo parassocial dá aos italianos acesso à maioria do capital.

O acordo é atacado. A imprensa refere que o negócio com o grupo italiano beneficiou um "conhecido" intermediário: António Moura Santos, cunhado de António Guterres e amigo pessoal de Pina Moura. Moura Santos nega qualquer envolvimento. Mas no Partido Socialista fazem-lhe acusações de favorecimento pessoal. A oposição pede a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito o que acontece em Junho. Nos seis meses seguintes, todos os envolvidos, incluindo ex-presidentes e ex-governantes, são questionados sobre alegados favorecimentos, mas
o resultado é inconclusivo (que espanto).

Para recuperar o espaço perdido em 2001 na EDP, a
Iberdrola aceitou, em Novembro passado, um pré-acordo com o BCP (este também são Portugueses!!!). Teixeira Pinto fez depender a entrada dos espanhóis do seu compromisso de não aumentarem a sua posição para um patamar acima dos nove por cento do capital da EDP, de não concorrerem directamente com a eléctrica em Portugal, de não prejudicarem a operação da EDP em Espanha (claro que não, vão-se prejudicar a eles), de não estarem em simultâneo na estrutura accionista da Galp e da EDP, de não nomearem gestores executivos. O banco veria também com bons olhos uma parceria estratégica entre portugueses e espanhóis.

O papel-chave do BCP na EDP data de 2000, quando Jorge Jardim Gonçalves era ainda presidente, com uma posição de cerca de cinco por cento do capital - a EDP é accionista do BCP em 4,2 por cento. Nessa altura, a
Iberdrola estava já presente na gestão da eléctrica nacional, com um administrador não executivo, que perde, em Janeiro de 2001, após a EDP ter denunciado a parceria entre as duas empresas.

Foi o Governo socialista que pediu aos accionistas privados da EDP que apresentassem um novo modelo de governação para a eléctrica, tendo o BCP assumido protagonismo nas negociações. A controvérsia rebenta quando se soube que
Teixeira Pinto admitia a entrada da Iberdrola no conselho superior da EDP, um órgão não executivo onde estão os accionistas com mais de dois por cento do capital e que define as orientações estratégicas. A polémica resulta do facto de o BCP não permitir aos seus investidores com posições qualificadas e que são concorrentes do banco nos seus mercados estratégicos (olha para o que eu digo, não olhes para o que eu faço) (Portugal, Polónia, Grécia) ter acesso ao conselho superior. Sobre a indicação de António Mexia, o BCP alega que é uma escolha profissional."

Continua tudo béééééééémmmmm, impecavél:

"Os destinos de
António Mexia e de Pina Moura cruzaram-se pela primeira vez quando ambos foram os arquitectos da Galpenergia, na forma que esta tem hoje. Foi sob a sombra dessa cumplicidade de poder, que durou quatro anos, que António Mexia foi nomeado para presidente executivo da EDP, quinta-feira passada, por via da inciativa concertada entre o Governo e o núcleo duro de accionistas de referência da eléctrica.

Com Pina Moura, impulsionou a junção da Gás de Portugal e da Transgás, cujas presidências acumulava, com a Petrogal, sob o chapéu de uma nova holding, a Galpenergia. Foi também com o seu apoio que passou de presidente da GDP/Transgás a presidente da Galpenergia. Menos conhecido é que, pelo menos por uma vez, ambos estiveram em desacordo no espaço dado a Bandeira Vieira.

António Mexia e Pina Moura ainda iniciaram, em conjunto, o desenho para uma ainda maior entidade da energia que, para além do gás e do petróleo, englobasse também a electricidade, ou seja a EDP, mas a superholding da energia (GDP/Transgás/Petrogal/EDP) nunca saiu do papel.

António Mexia sai em 2004 da Galp em conflito com o então ministro da Economia, Carlos Tavares, e o presidente executivo da EDP, João Talone, por oposição ao modelo energético então vigente.

O mercado dá-lhe créditos quanto à sua capacidade de gestor, pela mudança que operou na Galp. Conhece como poucos o seu futuro concorrente
(não sei se concorrente será a palavra certa), de onde saiu há pouco mais de um ano. Os accionistas e o Governo afirmam que será o rosto de uma equipa profissionalizada e independente.

Henrique Neto, críticas à "passividade" do Parlamento

O empresário da Iberomoldes, Henrique Neto, tem sido nos últimos sete anos uma das poucas vozes incómodas para o ex-ministro das Finanças e da Economia de António Guterres e actual deputado do Partido Socialista, Joaquim Pina Moura. Depois de ter sido ouvido na comissão de Inquérito da Assembleia da República (AR) que investigou a venda da Galp à ENI por Pina Moura, Neto escreveu há cerca de nove meses uma carta ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, onde considera "que não será ética e politicamente irrelevante que o mesmo ministro que incentivou a venda da Petrogal à ENI e que negociou a entrada da espanhola Iberdrola no capital da EDP e da Galp seja agora, simultaneamente, deputado, administrador da Galp [funções que vai agora abandonar] e presidente da espanhola Iberdrola em Portugal, sem que esta situação seja devidamente avaliada pelo Parlamento".

O empresário da Marinha Grande, chama a atenção de Gama para "a passividade, para não dizer a demissão" do Parlamento "na sua acção fiscalizadora dos actos dos diferentes governos", sendo que o resultado "mais visível desta realidade se tem caracterizado por sucessivos casos, que chegam ao conhecimento dos cidadãos através dos meios de comunicação" e que "não prestigiam as actividades política e empresarial e comprometem a confiança dos portugueses, para já, nos seus representantes, e, a prazo, na própria democracia".

Em declarações ao PÚBLICO, Neto [também ele militante socialista, tendo sido deputado durante os governos de António Guterres], explicou que Gama lhe respondeu, questionando-o se ele pretendia transformar a sua missiva em petição pública, o que o empresário recusou fazer por entender que caberia ao presidente da AR agir, caso assim entendesse.

Em Maio, o PÚBLICO contactou Pina Moura que respondeu que não queria alimentar nenhuma "conversa com o eng.º Henrique Neto, directa ou por interposta pessoa"."