Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Não há pachorra (3)

É fácil ser-se candidato à presidência da Republica. Basta meter na cabeça (decorar) 20 folhas de um qualquer manifesto (tarefa alcançável a um miúdo do 8º ano) e fazer uns pseudo- debates, debitando o que se decorou, quer quando o jornalista pergunta o que pensa sobre a Lei do Aborto, sobre o futuro da UE, ou sobre a sua vivenda Mariani ou sobre a novela da TVI. Ou mesmo quando somos acusados de Políticos menores ou de não ter conversa. A táctica é sempre a mesma: Fazemo-nos de virgem ofendida e de sonsos e respondemos assim: "Estamos na cauda e da Europa, fomos ultrapassados pela Grécia, atravessamos uma grave crise económica, temos 430 000 desempregados, e não temos o mesmo de desenvolvimento que a Espanha, porquê? Eu estou aqui para ajudar a inverter esta situação" e depois aqui e ali falar que até a "Eslovénia (essa puta subdesenvolvida - esta parte não convém dizer) já nos está a passar", sem dizer que a única vez que não nos passou foi quando levou com o conflito dos Balcãs, e que sempre esteve à nossa frente. Mas como é um país que ninguém sabe muito bem onde fica, pode ser que se perceba que é muito atrasado…
Vejam como é fácil, até eu já decorei a lenga-lenga.
E não precisamos de dizer mais do que isto, até porque quando saímos um bocadinho do que decoramos corremos o risco de nos começar a tremer o queixo, engasgarmo-nos e começar a dar aulas de economia do 10º ano – assim do nada, como que possuídos pelo espírito da professora da quarta classe –, ou de Ciência Politica, explicando bem a matéria, pelo acetato, que diz que “os partidos têm que seguir o interesse nacional e não o interesse nacional os partidos” com ar de quem está a dizer uma grande coisa.

Enfim, não há pachorra.