Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Muito bem, muito bem...

No Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, «fizeram obras maravilhosas ao nível da aerogare, mas a operacionalidade é a mesma. Continua a não existir um 'taxiway' - caminho de acesso e saída da pista - paralelo à pista 17 e um ILS - sistema de aterragem de precisão - na 35», acrescenta o presidente. Na prática, «quando está vento forte de noroeste temos de aterrar nessa pista, fazendo uma aproximação de não precisão sobre a cidade», explica Tiago Matos.

terça-feira, agosto 23, 2005

Pelo Castelo de S. Jorge!


...uma vez lá dentro, €3 mais leve, leva-se a mesma lição de história quando a entrada era grátis. Com este encarecimento infinito, eu pensava que iria ter pelo menos um historiador à minha disposição para me explicar tudo acerca deste belo monumento. Mas não!Nnão só não havia historiador, como também nenhum tipo de informação para além da incrição na estátua daquele Homem do Norte que lá está e de uma folha A4. Sim, com €3 conseguiram escrever tudo que precisa de saber acerca do castelo de S. Jorge numa página A4. Enfim levo algumas fotos e algumas flores!
SPM

Pelo Castelo de S. Jorge!


Gostava de saber porquê que as visitas ao castelo são grátis para os habitantes de Lisboa e €3 para os restantes? Como Lisboa é a zona mais rica de Portugal, acho que o génio que teve esta ideia, devia insitir que os Lisboetas pagassem €5 (no minímo) de cada vez que saíssem de Lisboa.
SPM

Um gajo acorda com a maior de todas as ressacas, vira-se, e ao 
lado da cama há um copo de água e duas aspirinas. Olha em volta e vê sua roupa passada e pendurada. O quarto está em perfeita ordem. Há um bilhete da sua mulher:
   - "Querido, deixei-te café pronto na cozinha. Fui ao supermercado.
  Beijos." 
Ele desce e encontra um grande café esperando por ele. Pergunta ao
filho:
   - O que aconteceu ontem?
   - Bem, pai, tu chegaste às 3 da manhã, completamente bêbado, 
vomitaste o tapete da sala, partiste móveis e deste cabo do olho ao bater contra a porta do quarto.
   - E porque é que está tudo arrumado, café feito, roupa passada, 
aspirinas para a ressaca e um bilhete amoroso da tua mãe?
   - Bem, é que mãe arrastou-te até a cama, e quando te começou a 
tirar as calças, tu gritaste:
   - "Não faça isso, eu sou casado!

segunda-feira, agosto 22, 2005

Invenção estúpida do ano: relógio em binário!


Alguém sabe que horas são?
O relógio lê: 1 0h 100 1000min 11 0110sec
SPM

Geek joke

Só há 10 tipos de pessoas no mundo: aquelas que entendem binário e as que não entendem!!!

quinta-feira, agosto 18, 2005

Vegetas

Há três vectores principais que podem levar à escolha de uma dieta vegetariana:

Os direitos dos animais

A produção intensiva de carne, que é a que fornece grande parte dos alimentos que consumimos, é uma tortura e uma forma cruel e desnecessária de produzir dor aos animais. Podemos imaginar com facilidade o que os animais sentem devido à semelhança dos nossos sistemas nervosos. Porcos, vacas e galinhas, por serem os animais mais consumidos (milhões por ano só em Portugal) são as principais vítimas desta indústria do sofrimento. Deixaram de ser animais para se tornarem produtos de consumo, com os seus interesses negligenciados ao limite, passam pela vida confinados, muitas vezes sem verem a luz do dia e sem a possibilidade de se movimentarem. São frequentemente mutilados a sangue frio, cortam-lhes as orelhas e os órgãos genitais, marcam-nos com ferros em brasa. Crescem muito mais rapidamente do que é natural devido à quantidade de hormonas que os fazem ingerir de forma que as patas não aguentam com o seu peso e ficam nesta angústia até à hora da morte.
Transformam-nos em máquinas de produzir ovos, leite e carne. As crias são afastadas das progenitoras à nascença e entram por sua vez no mesmo ciclo de exploração.

O impacto ambiental

A indústria da carne causa graves problemas ambientais:
- a devastação das florestas transformadas em pastos para produção animal e de alimentos para esses animais;
- o consumo excessivo de água, um bem escasso e precioso;
- os milhões de toneladas de dejectos atirados para os rios;
- o gás metano libertado pelo gado contribui grandemente para o efeito estufa;
- em média, para cada refeição de carne produzida são usados os recursos que poderiam servir para produzir 10 refeições baseadas em vegetais.

A qualidade nutricional

No mundo moderno industrializado a principal causa de morte é devida a doenças cardiovasculares ligadas à falta de exercício e à má alimentação. Nos EUA existe uma verdadeira epidemia de obesidade e a Europa caminha no mesmo sentido. Ingere-se demasiadas proteínas, gorduras saturadas e açúcares.

Os povos que consomem produtos animais são mais susceptíveis ao cancro da mama, próstata e cólon, ataques cardíacos, obesidade, osteoporose, artrite, diabetes, asma, pedra nos rins e impotência. Com uma alimentação vegetariana é menor o risco de desenvolver estas doenças.

Além disso, a carne contém acumulações de pesticidas e outros produtos químicos até 14 vezes mais concentrados do que em alimentos vegetais.

Em forma de conclusão, pode-se dizer que a indústria de carne é um negócio muito lucrativo para alguns mas com imensos prejuízos para todos, e pode facilmente ser contrariada desde que o consumo de carne diminua e aumente o de cereais, vegetais, leguminosas, etc. Uma dieta vegetariana é uma opção racional, responsável e de futuro.

Fonte: Terraviva

quarta-feira, agosto 17, 2005

Leituras

sexta-feira, agosto 12, 2005

War - It's faaaaaaaantastic




Ora vejamos, em 2002 custava $10 produzir um barril de petróleo no E.U.A., o que dava um modesto lucro de +/- $15; em 2005 o custo de produção deve ter aumentado com a inflação, digamos que custa +/- $12, ora bem isso dá um lucrozito de $48!!! Nada mau.

Obrigado Bush! Os teus amigos agradecem (Exon, BP, Shell, Texaco., os Saudis...)

P.S.: Os custos de extracção no Iraque pré 2002 eram de $1/barril, semelhantes ao da Arábia Saudita, e claro que é a turma do costume que lá anda!
SPM

quinta-feira, agosto 11, 2005

Portugal On Fire!!!

Oficialmente, continua a correr a versão de que não há motivações económicas para a maioria dos incêndios. Oficialmente continua a ser dito que as ocorrências se devem a negligência ou ao simples prazer de ver o fogo. A maioria dos incendiários seriam pessoas mentalmente diminuídas.

Mas a tragédia não acontece por acaso. Vejamos:

1 - Porque é que o combate aéreo aos incêndios em Portugal é TOTALMENTE concessionado a empresas privadas, ao contrário do que acontece noutros países europeus da orla mediterrânica?

Porque é que os testemunhos populares sobre o início de incêndios em várias frentes imediatamente após a passagem de aeronaves continuam sem investigação após tantos anos de ocorrências?

Porque é que o Estado tem 700 milhões de euros para comprar dois submarinos e não tem metade dessa verba para comprar uma dúzia de aviões Cannadair?

Porque é que há pilotos da Força Aérea formados para combater incêndios e que passam o Verão desocupados nos quartéis?

Porque é que as Forças Armadas encomendaram novos helicópteros sem estarem adaptados ao combate a incêndios? Pode o país dar-se a esse luxo?

2 - A maior parte da madeira usada pelas celuloses para produzir pasta de papel pode ser utilizada após a passagem do fogo sem grandes perdas de qualidade. No entanto, os madeireiros pagam um terço do valor aos produtores florestais. Quem ganha com o negócio? Há poucas semanas foi detido mais um madeireiro intermediário na Zona Centro, por suspeita de fogo posto. Estranhamente, as autoridades continuam a dizer que não há motivações económicas nos incêndios...

3 - Se as autoridades não conhecem casos, muitos jornalistas deste país, sobretudo os que se especializaram na área do ambiente, podem indicar terrenos onde se registaram incêndios há poucos anos e que já estão urbanizados ou em vias de o ser, contra o que diz a lei.

4 - À redacção da SIC e de outros órgãos de informação chegaram cartas e telefonemas anónimos do seguinte teor: "enquanto houver reservas de caça associativa e turística em Portugal, o país vai continuar a arder". Uma clara vingança de quem não quer pagar para caçar nestes espaços e pretende o regresso ao regime livre.

5 - Infelizmente, no Norte e Centro do país ainda continua a haver incêndios provocados para que nas primeiras chuvas os rebentos da vegetação sejam mais tenros e atractivos para os rebanhos. Os comandantes de bombeiros destas zonas conhecem bem esta realidade.

Há cerca de um ano e meio, o então ministro da Agricultura quis fazer um acordo com as direcções das três televisões generalistas em Portugal, no sentido de ser evitada a transmissão de muitas imagens de incêndios durante o Verão. O argumento era que, quanto mais fogo viam no ecrã, mais os incendiários se sentiam motivados a praticar o crime...

Participei nessa reunião. Claro que o acordo não foi aceite, mas pessoalmente senti-me indignado. Como era possível que houvesse tantos cidadãos deste país a perder o rendimento da floresta - e até as habitações - e o poder político estivesse preocupado apenas com um aspecto perfeitamente marginal?

Estranhamente, voltamos a ser confrontados com sugestões de responsáveis da administração pública no sentido de se evitar a exibição de imagens de todos os incêndios que assolam o país.

Há uma indústria dos incêndios em Portugal, cujos agentes não obedecem a uma organização comum mas têm o mesmo objectivo - destruir floresta porque beneficiam com este tipo de crime.

Estranhamente, o Estado não faz o que poderia e deveria fazer:

1 - Assumir directamente o combate aéreo aos incêndios o mais rapidamente possível. Comprar os meios, suspendendo, se necessário, outros contratos de aquisição de equipamento militar.

2 - Distribuir as forças militares pela floresta, durante todo o Verão, em acções de vigilância permanente. (Pelo contrário, o que tem acontecido são acções pontuais de vigilância e combate às chamas).

3 - Alterar a moldura penal dos crimes de fogo posto, agravando substancialmente as penas, e investigar e punir efectivamente os infractores

4 - Proibir rigorosamente todas as construções em zona ardida durante os anos previstos na lei.

5 - Incentivar a limpeza de matas, promovendo o valor dos resíduos, mato e lenha, criando centrais térmicas adaptadas ao uso deste tipo de combustível.

6 - E, é claro, continuar a apoiar as corporações de bombeiros por todos os meios.

Com uma noção clara das causas da tragédia e com medidas simples mas eficazes, será possível acreditar que dentro de 20 anos a paisagem portuguesa ainda não será igual à do Norte de África. Se tudo continuar como está, as semelhanças físicas com Marrocos serão inevitáveis a breve prazo.

José Gomes Ferreira

Ide trabalhar

"O Ministério da Defesa Nacional anunciou hoje que vai agir contra alguns sócios das associações militares dos três ramos das Forças Armadas que se manifestaram ontem frente à residência oficial do primeiro-ministro, acusando-os de terem ultrapassado os seus direitos "em franco desrespeito da condição militar".


Ide trabalhar, cambada de mamoes!!!

Muito bem, muito bem... primeiro decide-se, depois estuda-se!!!

"A decisão política está tomada e José Sócrates já assumiu que vai avançar com a construção de um novo aeroporto internacional na Ota. Mas só agora, com o lançamento de um concurso público para seleccionar o novo consultor financeiro que desenvolverá os estudos de viabilidade económica do projecto, é que se irão dar os primeiros passos para aferir se o investimento representa uma boa aplicação dos recursos económicos e tem condições para ser um sucesso.

Em conjunto com os restantes consultores do projecto, serão definidas ainda as condições de viabilização do empreendimento, o que passa por assegurar a participação de privados. O Governo tenciona privatizar cerca de 45 por cento do capital da concessionária dos aeroportos, ANA. E dos cofres do Estado só deverão sair entre seis a oito por cento dos três mil milhões de euros de investimento total previsto para a Ota. A restante parcela do financiamento virá do Banco Europeu de Investimento, da União Europeia (UE), dos particulares e de empréstimos contraídos junto da banca.

Em Julho, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou a construção do futuro aeroporto de Lisboa, na Ota, como uma das prioridades desta legislatura e considerou que a medida estava suportada técnica e economicamente. Desde essa altura, tem sido pedida a divulgação pública dos estudos financeiros que fundamentaram a decisão. E as críticas já surgiram: a obra vai arrancar num "ciclo económico" depressivo e de crise das finanças públicas, em que se exige maior rigor e selectividade nos financiamentos realizados pelo Estado (os investimentos públicos não devem ser o motor do crescimento económico e Portugal necessita antes de aumentar a sua produtividade e capacidade de exportação, defendem muitos economistas). Até o ministro das Obras Públicas e Comunicações, Mário Lino, que tutela a ANA (que gere os aeroportos nacionais), chegou a manifestar dúvidas sobre a escolha da Ota para instalar o empreendimento. Mais tarde, assumiria que era "o melhor que existe", face ao que já está estudado, e devido ao facto de "não se poder perder mais tempo".

O estudo da Novolis

Apesar de já terem sido realizados 71 estudos parcelares, entre 1997 e 2005, onde foram gastos 12,7 milhões de euros (comparticipação da UE de 6,6 milhões de euros), apenas o que foi encomendado à Novolis (consórcio formado pelos bancos ABN e Efisa), se debruça sobre a avaliação económica do projecto Ota.

O PÚBLICO teve acesso ao documento. Trata-se, no entanto, de uma análise muito superficial e mesmo desajustada do momento presente, não integrando sequer uma análise aprofundada da obra em termos dos custos e benefícios relativos, conforme reconheceu ao PÚBLICO Guilhermino Rodrigues, presidente da ANA.

O gestor lembrou que o documento encomendado à Novolis foi realizado numa fase muito inicial. "E os estudos financeiros sofreram uma paragem, pois deixou de haver definições dos governos seguintes [Durão Barroso e Santana Lopes] quanto ao que queriam fazer com o aeroporto. Mas a ANA continuou a fazer estudos técnicos", o que explica que haja mais informação sobre estas matérias. Rodrigues foi secretário de Estado do ex-ministro das Obras Públicas de António Guterres, João Cravinho, que, em 1999, propôs a construção da infra-estrutura, cuja edificação consta também das Grandes Opções do Plano de 2005, aprovadas por Santana Lopes.

sexta-feira, agosto 05, 2005

Um crime na Ota !!!

  Miguel  Sousa Tavares


Luís Campos e Cunha foi a primeira vítima a tombar em virtude desses

crimes em preparação que se chamam aeroporto da Ota e TGV. Não se pode

pedir a alguém que vem do mundo civil, sem nenhum passado político e com

um currículo profissional e académico prestigiado que arrisque o seu

nome e a sua credibilidade em defesa das políticas financeiras

impopulares do Governo e que, depois, fique calado a ver os outros a

anunciarem a festa e a deitarem os foguetes. Não se pode esperar que um

ministro das Finanças dê a cara pela subida do IVA e do IRS, pelo

aumento contínuo dos combustíveis e pelo congelamento de salários e

reformas, que defenda em Bruxelas a seriedade da política de combate ao

défice do Estado, e que, a seguir, assista em silêncio ao anúncio de uma

desbragada política de despesas públicas à medida dos interesses dos

caciques eleitorais do PS, da sua clientela e dos seus financiadores.

O afastamento do ministro das Finanças e a sua substituição por um homem

do aparelho socialista é mais do que um momento de descredibilização

deste Governo, de qualquer Governo. É pior e mais fundo: é um momento de

descrença, quase definitiva, na simples viabilidade deste país. É o

momento em que nos foi dito, para quem ainda alimentasse ilusões, que

não há políticas nacionais nem patrióticas, não há respeito do Estado

pelos contribuintes e pelos portugueses que querem trabalhar, criar

riqueza e viver fora da mama dos dinheiros públicos; há, simplesmente,

um conúbio indecoroso entre os dependentes do partido e os dependentes

do Estado. Quando oiço o actual ministro das Obras Públicas - um dos

vencedores deste sujo episódio - abrir a boca e anunciar em tom

displicente os milhões que se prepara para gastar, como se o dinheiro

fosse dele, dá-me vontade de me transformar em "off-shore", de

desaparecer no cadastro fiscal que eles querem agora tornar devassado,

de mudar de país, de regras e de gente.

Há anos que vimos assistindo, num crescendo de expectativas e de

perplexidade, ao anunciar desses projectos megalómanos que são o TGV e o

aeroporto da Ota. O mesmo país que, paulatinamente e desprezando os

avisos avulsos de quem se informou, foi desmantelando as linhas férreas

e o futuro do transporte ferroviário, os mesmos socialistas que, anos

atrás, gastaram 120 milhões de contos no projecto falhado dos comboios

pendulares, dão-nos agora como solução mágica um mapa de Portugal

rasgado de TGV de norte a sul. Mas a prova de que ninguém estudou

seriamente o assunto, de que ninguém sabe ao certo que necessidades

serão respondidas pelo TGV, é o facto de que, a cada Governo, a cada

ministro que muda, muda igualmente o mapa, o número de linhas e as

explicações fornecidas. E, enquanto o único percurso que é

economicamente incontestável - Lisboa-Porto - continua pendente de uma

solução global, propõem-nos que concordemos com a urgência de ligar
Aveiro

a Salamanca ou Faro a Huelva por TGV (quantos passageiros diários haverá

em média para irem de Faro a Huelva - três, cinco, sete mais o
maquinista?).

Quanto ao aeroporto da Ota, eufemisticamente baptizado de Novo Aeroporto

Internacional de Lisboa, trata-se de um autêntico crime de delapidação

de património público, um assalto e um insulto aos pagadores de

impostos. Conforme já foi suficientemente explicado e suficientemente

entendido por quem esteja de boa-fé, a Ota é inútil, desnecessário e

prejudicial aos utentes do aeroporto de Lisboa. E, como o embuste já

estava a ficar demasiadamente exposto e desmascarado, o Governo Sócrates

tratou de o anunciar rapidamente e em definitivo, da forma lapidar

explicada pelo ministro das Obras Públicas: está tomada a decisão

política, agora vamos realizar os estudos.

Mas tudo aquilo que importa saber já se sabe e resulta de simples senso

comum:

- basta olhar para o céu e comparar com outros aeroportos para perceber

que a Portela não está saturada, nem se vê quando o venha a estar, tanto

mais que o futuro passa não por mais aviões, mas por maiores aviões;

- em complemento à Portela, existe o Montijo e, ao lado dela, existe uma

outra pista, já construída, perfeitamente operacional e que é uma

extensão natural das pistas da Portela, que é o aeroporto militar de

Alverca - para onde podem ser desviadas todas as "low cost", que não

querem pagar as taxas da Portela e menos ainda quererão pagar as da Ota;

- porque a Portela não está saturada, aí têm sido gastos rios de

dinheiro nos últimos anos e, mesmo agora, anuncia-se, com o maior dos

desplantes, que serão investidos mais meio bilião de euros, a título de

"assistência a um doente terminal", enquanto a Ota não é feita;

- os "prejuízos ambientais", decorrentes do ruído que, segundo o

ministro Mário Lino, afectam a Portela são uma completa demagogia, já

que pressupõem não prejuízos actuais, mas sim futuros e resultantes de

se permitir a urbanização na zona de protecção do aeroporto;

- a deslocação do aeroporto de Lisboa para cerca de 40 quilómetros de

distância retirará à cidade uma vantagem comercial decisiva e

acrescentará despesas, consumo de combustíveis, problemas de trânsito na

A1 e perda de tempo à esmagadora maioria dos utentes do aeroporto, com o

correspondente enriquecimento dos especuladores de terrenos na zona da

Ota, empreiteiros de obras públicas e a muito especial confraria dos

taxistas do aeroporto.

O negócio do aeroporto é tão obviamente escandaloso que não se percebe

que os candidatos à Câmara de Lisboa não façam disso a sua bandeira de

combate eleitoral e que, à excepção de Carmona Rodrigues, ainda nem

sequer se tenham manifestado contra. Carrilho já se sabe que não pode,

sob pena de enfrentar o aparelho socialista e os interesses a ele

associados, mas os outros têm obrigação de se manifestarem forte e feio

contra esta coisa impensável de uma capital se ver roubada do seu

aeroporto para facilitar negócios particulares outorgados pelo Estado.

A Ota e o TGV, que fizeram cair o ministro Campos e Cunha, são um

exemplo eloquente daquilo que ele denunciou como os investimentos

públicos sem os quais o país fica melhor. Como o Alqueva, à beira de se

transformar, como eu sempre previ, num lago para regadio de campos de

golfe e urbanizações turísticas, ou os pendulares do ex-ministro João

Cravinho, ou os estádios do Euro, esse "desígnio nacional", como lhe

chamou Jorge Sampaio, e tão entusiasticamente defendido pelo então

ministro José Sócrates. Os piedosos ou os muito bem intencionados dirão

que é lamentável que não se aprenda com os erros do passado. Eu, por mim,

confesso que já não consigo acreditar nas boas intenções e nos erros de

boa-fé. Foi dito, escrito e gritado, que, dos dez estádios do Euro, não

mais de três ou quatro teriam ocupação ou justificação futura. Não

quiseram ouvir, chamaram-nos "velhos do Restelo" em luta contra o

"progresso". Agora, os mesmos que levaram avante tal "desígnio nacional",

olham para os estádios de Braga, Bessa, Aveiro, Coimbra, Leiria e Faro,

transformados em desertos de betão e num encargo camarário insustentável,

e propõem-nos um TGV de Faro para Huelva e um inútil aeroporto para

servir pior os seus utilizadores, e querem que acreditemos que é tudo a

bem da nação?

Não, já não dá para acreditar. O pior que vocês imaginam é mesmo aquilo

que vêem. Este país não tem saída. Tudo se faz e se repete impunemente,

com cada um a tratar de si e dos seus interesses, a defender o seu lobby

ou a sua corporação, o seu direito a 60 dias de férias, a reformar-se

aos 50 anos ou a sacar do Estado consultorias de milhares de contos ou

empreitadas de milhões. E os idiotas que paguem cada vez mais impostos

para sustentar tudo isto. Chega, é demais! Jornalista