Merdas sérias, a brincar e assim assim. Uma janela para uma realidade que não tem, necessariamente, de ser a tua. Qualquer coisinha, já sabes, avisa.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

Musica de final de ano (para reflectir)






God Is An Astronaut - Fragile

aqui o video








(Ah! Dia 14 de Janeiro estes senhores vão à casa das Artes em Famalicão. Portanto, tá a organizar a excursão!, com ponto de passagem obrigatório pelo "Uiscas"...)


quarta-feira, dezembro 28, 2005

Os males começam também por aqui

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Happy New Year

sábado, dezembro 24, 2005

Um conto de Natal

O Natal dos Deuses Cristãos
um artigo de Luis Grave Rodrigues, publicado no Diário Ateísta


As primeiras manifestações de religiosidade do Homem relacionavam-se com o culto das forças da natureza e, mais ainda do que de uma explicação divina para uma «vida depois da morte», elas nasceram do temor e da falta de compreensão para os fenómenos naturais, desde o vento à chuva ou aos relâmpagos, até à própria periodicidade dos ciclos solar ou lunar.

É por isso absolutamente normal que o Homem, animista nas suas origens religiosas, fosse também natural – e quase geneticamente – politeísta.
O desenvolvimento e a evolução do Homem vieram ao longo de milhares de anos trazer uma maior complexidade aos seus cultos religiosos. Sempre com uma natureza politeísta.
No entanto, nalgumas civilizações da antiguidade ainda assistimos a tentativas mais ou menos bem sucedidas de unificação de divindades, embora normalmente protagonizadas por sacerdotes ou por governantes mais interessados na unificação e no poder temporal que daí poderia resultar.


O crescente desenvolvimento do cristianismo encontrou no Império Romano uma população de uma profunda religiosidade e, também por isso, uma riquíssima mitologia, com deuses para todos os gostos, feitios e ocasiões.
De tal modo, que em determinada altura o próprio Imperador Constantino (também influenciado pela sua própria mulher, Santa Helena, entretanto convertida) acabou por achar melhor adoptar o sábio princípio: «se não os podes vencer, junta-te a eles».

Sem nunca se ter convertido, Constantino acabou por tolerar o cristianismo e, juntamente com Licínio, o tetrarca Oriental (a quem escassos onze anos mais tarde mandou matar, assim tomando o controle de todo o Império Romano) assinou em 313 o Édito de Milão, que proclamava a independência do Império em relação a quaisquer credos religiosos, fazendo devolver aos cristãos as propriedades e os lugares de culto confiscados.

A partir de então, em todo o Império Romano o cristianismo convive pacificamente com a religião tradicional pagã (no sentido de religião politeísta ou não cristã, embora a designação se aplique também às religiões distintas da judaica, que também beneficiou desta tolerância e convivência pacífica inter-religiosa).

Mas muito havia para esclarecer, explicar e estabelecer nessa nova religião que era o cristianismo.
Até que no ano 325 Constantino convoca o Concílio de Niceia.
Com a presença de mais de 300 bispos (nomeados por líderes religiosos locais e pelo próprio Constantino), o primeiro concílio ecuménico – que marca o início da Igreja Católica – visava antes de mais condenar o «Arianismo», uma heresia que nega a divindade de Jesus Cristo.

O «mistério» da Santíssima Trindade encontra neste concílio as bases da sua fundamentação, com a aprovação pela maioria dos bispos presentes (e não pela sua unanimidade, tendo ficado célebres as perseguições de Constantino aos bispos discordantes) da ideia de que Jesus é da mesma “substância” e da mesma “essência”, isto é, a mesma entidade existente do Pai.
Ou seja, haveria somente um Deus e não dois: a distinção entre o Pai e o Filho está dentro da «unidade divina». O Filho é Deus no mesmo sentido em que o Pai o é.
O próprio «Credo» de Constantino, saído do Concílio de Niceia, reconhece a divindade de Jesus Cristo, dizendo que o Filho e o Pai são “de uma única substância” e que o Filho é «gerado», (único gerado, ou unigénito), mas não no sentido de «feito».

Desesperado para encontrar uma nova religião de massas através da qual pudesse controlar o povo, é no concílio de Niceia que Constantino molda o cristianismo a seu bel-prazer e ora faz inscrever ora faz abolir da Bíblia os textos e os evangelhos que acha mais apropriados, re-escrevendo-os e adaptando-os às suas políticas e aos seus interesses e depurando-os de contradições entre si.

Foi no Concílio de Niceia que foi decidido quais os evangelhos que tinham sido inspirados pelo Espírito Santo e que, por isso, eram os únicos dignos de figurar na Bíblia, os «evangelhos canónicos», por oposição aos evangelhos indignos dessa honra, conhecidos por «evangelhos apócrifos» ou «gnósticos».
Várias são as versões que contam como se deu a separação entre os evangelhos canónicos e apócrifos:
Há quem diga que, durante o Concílio, estando os bispos em oração, os evangelhos inspirados foram depositar-se no altar por si só.
Uma outra versão relata que todos os evangelhos foram colocados por sobre o altar, e os apócrifos caíram ao chão.
Outra ainda afirma que o Espírito Santo entrou no recinto do Concílio em forma de pomba e foi pousando no ombro direito de cada bispo, segredando aos seus ouvidos os evangelhos inspirados.

Depois, e na melhor tradição do costume babilónico da deificação do rei ou do imperador, foi com uma habilidade notável que Constantino aproveitou as festas, os costumes e os princípios pagãos e judaicos, já conhecidos e tradicionais no Império, para os adaptar e criar a doutrina desta nova religião, em progressivo crescimento e implantação popular.
Exemplo paradigmático disso é a festa pagã do Solstício de Inverno, adaptada ao Natal e às comemorações do nascimento de Jesus Cristo.

Esta nova Igreja, a Igreja Católica fundada no Concílio de Niceia («Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica...») está, pois, bem longe de ser a «Igreja Primitiva dos Apóstolos» e, obviamente, não foi fundada por Pedro.
Poderá até dizer-se que o seu primeiro Papa foi Constantino.

Quando morreu, em 337, Constantino foi baptizado e enterrado como um verdadeiro décimo terceiro Apóstolo, e na iconografia eclesiástica, veio a ser representado recebendo a coroa das mão de Deus.

Mais tarde, já com Teodósio, o cristianismo haveria de tornar-se a religião oficial do Império, institucionalizando-se profundamente na sociedade romana e constituindo um polo de união comum a todos os territórios conquistados, surgindo então o profissionalismo religioso e toda uma estrutura teológica e uma casta sacerdotal dominante, que se impunha aos fiéis proclamando de forma rígida e autoritária que «fora da Igreja não há salvação».



Quase dezassete séculos depois do Concílio de Niceia comemora-se uma vez mais o Solstício de Inverno, transformado habilmente por Constantino nas comemorações do nascimento do Deus dos cristãos.

O Concílio de Niceia foi de tal modo primordial para o cristianismo – e para a religião católica em particular – que ainda hoje os seus fundamentos e princípios doutrinais e filosóficos são precisamente os mesmos que foram inventados por Constantino.

Até é precisamente o mesmo o raciocínio e o hábil jogo de palavras que faz passar o cristianismo por... uma religião monoteísta.

De facto, é através de um mero jogo de palavras a que chama um «Mistério», isto é, um dogma que não tem explicação possível, que esta religião persiste em fazer-se passar como «uma das três grandes religiões monoteístas do mundo».

Mas que de monoteísta nada tem!

Só deuses tem três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Podem os mais fiéis defensores do «Mistério da Santíssima Trindade» dizer que estes três deuses são, afinal, um só.
Mas o que é facto é que eu conto três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Quanto ao Deus «Espírito Santo», que à boa maneira cristã é de formulação masculina, sempre se diga ainda que, com a sua atitude típica e persistentemente misógina, os católicos perderam a oportunidade de tornar a sua origem e a sua explicação bem mais interessante.
Poderiam, por exemplo, ter dado mais atenção ao apóstolo Filipe que nos transmitiu no seu evangelho gnóstico, excluído por Constantino da honra de figurar entre os evangelhos canónicos:

«Alguns dizem que Maria concebeu do Espírito Santo.
«Erram, não sabem o que dizem.
«Quando é que uma mulher concebeu de uma mulher?»

A explicação para este aparente contra-senso é bem simples: é que em grego, língua original em que foram escritos os evangelhos e até em copta, o idioma para que foram em primeiro lugar traduzidos antes de transpostos para os idiomas actuais, «Espírito Santo»... é do género feminino!
E assim, com uma simples mudança do género de uma palavra numa tradução, a Igreja Católica perdeu a oportunidade de respeitar a «Santíssima Trindade» na sua formulação original de «Sagrada Família» e de Pai, Mãe e Filho.

A estes três deuses acresce a mãe do Deus Filho.
De tal modo deificada que, tal como Jesus Cristo, e apesar falta de sustentação bíblica para tal, foi feita subir ao Céu em corpo e alma após a sua morte terrena.
E já vão quatro!

De tal forma que, assumindo várias personalidades consoante as regiões geográficas, e multiplicando-se como que para confirmar o politeísmo cristão, a Nossa Senhora de Fátima, ou de Lourdes, ou a Virgem Negra polaca, ou a Virgem de Guadalupe sul-americana, concorrem mesmo com os três principais deuses na devoção dos cristãos.
Diz-se mesmo que o Papa João Paulo II, conhecido como «devoto mariano», mais que aos seus próprios patrões rezava à mãe do Deus Filho.

Depois, aparecem os santos. Que se contam aos milhares!
E que são tão deuses como os outros deuses, pois com eles concorrem na adoração dos fiéis cristãos e como eles são omnipotentes e omnipresentes.

E não é essa a definição de «Deus»?

De tal modo, que em todos os cristãos existe um «santo de devoção», frequentemente corporizado numa imagem ou num ícone, a quem se pede um favor, uma graça, ou «uma cunha» para um emprego, para a cura de uma doença ou para um prémio no Euromilhões.

Foi também com um hábil jogo de palavras que o Segundo Concílio de Niceia (o sétimo Concílio Ecuménico), realizado no ano de 787, distinguiu o que é «adoração» do que é «veneração».
E estipulou que pedinchar uma coisa a um Deus, se chama «adorar»; e que pedinchar a mesma coisa a um santo se chama «venerar».
Embora os resultados previsíveis da pedinchice sejam basicamente os mesmos. ..

Não admira, pois, que os cristãos, com um folclore, uma mitologia e uma iconoclastia tão rica, sejam tão preocupados e cuidadosos a celebrar o Natal.

E se é assim, então, a todos um bom Natal!


quinta-feira, dezembro 22, 2005

Concordo III

Sim, também concordo: desde que me lembro todas as eleições a lenga-lenga é a mesma. A bola salta dum lado para o outro, mas seja de que lado estiver faz sempre merda, as culpa é sempre dos outros, embora sejam sempre os mesmos que lá estão. Soluções: Ide trabalhar e roubar é feio, a inveja é um pecado!!!

Não concordo II

“o velho de 81 anos lhe dá porrada intelectual”, este velho tenta dar a todos porrada (literalmente), parte para uma agressividade não provocada contra tudo (excepto este governo) e contra todos, para mim este é mais um sinal de "medo", de animal encurralado sem soluções; acabando por se cingir a insultos. Enfim, são as “elites” a reflectir o estado deste povo.

Não concordo I

Quem parece intocavél e dono da verdade é Soares, como demosntra sua arrogância durante esta “pré-campanha”.

de Vasco Pulido Valente

"Claro que o dr. Soares tem razão e o dr. Cavaco não tem. Cavaco propõe e promete um renascimento económico. Para isso, traz no bolso uma política económica. Mas como a tenciona impor? Com que "meios"? Ele fala na "palavra", em confiança, em seriedade, em rigor e sinónimos da mesma clássica família. São "meios"? Não são. No fundo, só contará o poder de impor ao governo (ou governos) tudo ou quase tudo o que ele queira. Sucede que nenhum governo (nem do PSD) aceitará ser o pau-mandado do Presidente da República. O dr. Cavaco anda assim a "enganar o país", como o dr. Soares diz? Com certeza. Está a criar expectativas que irá fatalmente frustrar? Está. É, nessa medida, um risco - um grande risco - para a "estabilidade política e social"?. É.'

'O dr. Cavaco aturou o "debate" embaraçado. Às vezes, parecia que uma dúvida se infiltrava também naquele cérebro impermeável. E se as coisas não correrem como ele espera? E se a "queda" e o caos continuarem com ele em Belém? E, horror sem nome, se o "factor Cavaco" pesar de facto pouco - como de facto pesa - na crise de Portugal, da "Europa" e do mundo? Por outras palavras, e se o ignorarem? Aqui e ali, um estremecimento de medo passou por cena. Soares não se enganou: Cavaco não é, nunca foi, um homem de "vacas magras".'

- Vasco Pulido Valente, Debate Soares-Cavaco, Público, 21-12-2005 -

Quem ganha com a crise

Não há pachorra (3)

É fácil ser-se candidato à presidência da Republica. Basta meter na cabeça (decorar) 20 folhas de um qualquer manifesto (tarefa alcançável a um miúdo do 8º ano) e fazer uns pseudo- debates, debitando o que se decorou, quer quando o jornalista pergunta o que pensa sobre a Lei do Aborto, sobre o futuro da UE, ou sobre a sua vivenda Mariani ou sobre a novela da TVI. Ou mesmo quando somos acusados de Políticos menores ou de não ter conversa. A táctica é sempre a mesma: Fazemo-nos de virgem ofendida e de sonsos e respondemos assim: "Estamos na cauda e da Europa, fomos ultrapassados pela Grécia, atravessamos uma grave crise económica, temos 430 000 desempregados, e não temos o mesmo de desenvolvimento que a Espanha, porquê? Eu estou aqui para ajudar a inverter esta situação" e depois aqui e ali falar que até a "Eslovénia (essa puta subdesenvolvida - esta parte não convém dizer) já nos está a passar", sem dizer que a única vez que não nos passou foi quando levou com o conflito dos Balcãs, e que sempre esteve à nossa frente. Mas como é um país que ninguém sabe muito bem onde fica, pode ser que se perceba que é muito atrasado…
Vejam como é fácil, até eu já decorei a lenga-lenga.
E não precisamos de dizer mais do que isto, até porque quando saímos um bocadinho do que decoramos corremos o risco de nos começar a tremer o queixo, engasgarmo-nos e começar a dar aulas de economia do 10º ano – assim do nada, como que possuídos pelo espírito da professora da quarta classe –, ou de Ciência Politica, explicando bem a matéria, pelo acetato, que diz que “os partidos têm que seguir o interesse nacional e não o interesse nacional os partidos” com ar de quem está a dizer uma grande coisa.

Enfim, não há pachorra.


Não há pachorra (2)

Cavaco diz que não quer mais debates, sabe-se bem porque. Primeiro porque não tem cultura de confrontação de ideias. Nunca o teve desde sempre. Abominava ter que ir à Assembleia da Republica quando era 1º Ministro, mesmo quando tinha que ir, não ía, sentia-se mal com o confronto político. Depois, mesmo que faça o frete, sabe que o velho de 81 anos lhe dá porrada intelectual como se tivesse 20 e isso ele não suporta, porque é demasiado humilhante para um homem com seu carácter.


Não há pachorra

Não tardaram reacções classificando Soares de ter sido mau carácter no último debate realizado com o seu mais importante adversário. Num país de brandos costumes, com resquícios dum passado de quem dizia o que pensava levava nos cornos, soares quebrou este atraso de mentalidades atacando e dizendo tudo aquilo que Cavaco não queria ouvir. A Ideia que há pessoas intocáveis e que não se lhes pode dizer nada que as ofende é velha como o bolor, aliás, sempre foi assim até à revolução de Abril. Pois bem, estranhamente, consolidados democraticamente – e a isso devemo-lo a Soares, em várias alturas – assistimos agora a reminiscências de um passado não muito distante, mas velho, do endeusamento de alguém, onde não há margem para uma crítica nem para confronto político, sob pena de se ser acusado de falta de carácter: uma blasfémia.
Pois, é. Mas é preciso que se digam algumas coisas mesmo sob a censura e reprovação geral vindas de todo o lado. E Soares, tal como Louça – faça-se-lhe justiça –, disse-o, e por isso muitos não gostaram, porque tal como Cavaco temem o confronto político, falta-lhes cultura democrática para entender que é na discussão e no confronto de ideias que as pessoas se entendem numa sociedade plural e democrática.


quarta-feira, dezembro 21, 2005

Eu também apoio o professor


Um dos apoiantes de Cavaco, Ludjero Marques (presidente da Associação Empresarial Portuguesa) em entrevista à SIC em 2004-03-05






“Mais três dias de férias são uma ofensa”


“Estado devia despedir 150 mil funcionários públicos”

Ludjero defende ainda uma alteração da lei dos despedimentos uma vez que, em sua opinião, para haver mais competitividade
“é preciso flexibilizar os despedimentos.".

E concluiu dizendo:
"deve ser o patrão e não um juiz a decidir os critérios de despedimento."


SMS's recebidos e publicados no site de apoio ao professor marrão



"O Professor Cavaco Silva vai ser o salvador de PORTUGAL."

"A PESSOA QUE PODE SALVAR PORTUGAL. ANA EIAS "

"Que Deus o ajude Sr Presidente."


Lidas em conjunto (como um texto) estas SMS's descrevem na perfeição a candidatura do professor marrão e daqueles que estão à sua volta.

Ele não voltará numa manhã de nevoeiro! (se Deus quiser! Amen!)


Ele de mim não rirá

Ora vamos lá saber o que é que Cavaco quer quando fala de crise e de 430 mil desempregados e que quer ajudar a reverter esta situação. Das três uma: ou julga que a politica económica é da responsabilidade do presidente e não do governo, demonstrando assim total ignorância sobre os poderes do PR; ou prepara uma subversão do regime, contribuindo para uma instabilidade institucional e correspondente crise politica, pelo confronto e afrontamento com Governo e a Assembleia da Republica (atente-se ao que diz constantemente: "se eu achar que as medidas são boas terão o meu apoio" o que significa que é ele que define se são boas ou más, mesmo não sendo essa a sua competência caso venha a ser eleito); ou, e por último, mente descaradamente aos portugueses acenando-lhes com a crise económica, o medo, o pessimismo, o apocalipse e que com ele (homem de palavra, como sempre diz que é, como quem diz que os outros não são), aparecido de entre o nevoeiro com as suas capacidades académicas de, afinal, "economista razoável", como lhe chamou Soares, terminará o calvário que é esta triste existência de ser português. Ora, isto tudo tem só uma palavra: Populismo! Só muita distracção o elege para um lugar como o de Presidente da Republica!


terça-feira, dezembro 20, 2005

Momento de verdade









Mov / Flash
(Via Super Mário)

Cavaco está nervoso. Como não sabe se ganha à primeira volta e como sabe que não ganhando à primeira volta perde à segunda, começa a descair-se e a revelar-se. Segundo ele, o governo terá o seu apoio se fizer coincidir a sua actuação com suas (dele) grandes ambições ("as minhas grandes ambições"). O que se retira daqui? Caso vença, cavaco será um presidente mandão, autoritário e dominador, onde não haverá espaço para a sua "cooperação estratégica" com o governo da qual tanto gosta e promove, se bem que, ninguém saiba muito bem o que isso é. Até ao momento revelador que a define:

«Tudo o que o governo faça para que se concretizem as minhas grandes ambições terá sempre o meu apoio.» [Cavaco, 10.12.2005]


segunda-feira, dezembro 19, 2005

Música cá da Terra

Moreno+Kassin+Domenico


É, quanto a mim, um dos projectos com mais qualidade do Brasil (pelo menos dos 2% que conheço do que por lá se faz).
A vanguarda da música brasileira exprime -se em «sincerely hot», o segundo álbum, de 2003, deste trio que dá pelo nome de Domenico+2. Quando lançaram o primeiro álbum em 2000, de seu nome «Máquina de escrever», a banda chamava-se Moreno+2. Prevê-se, portanto, um terceiro disco, desta feita, ao que tudo indica, com o trio a adoptar o nome de Kassin+2. Eu por cá fico à espera de notícias do lado de lá.

(Uma boa prenda de natal)

quinta-feira, dezembro 15, 2005

À escuta


Este é um dos álbuns que ultimamente corre no meu carro, em casa, enfim, onde me é permitido ouvir uns cds.

E com o ano a acabar o país progrediu desta forma:

Quatro anos depois da classificação do Douro como Património Mundial, a região poderá receber uma advertência da UNESCO devido à proliferação de lixeiras e de más construções, não estando sequer delimitada com a sinalização rodoviária apropriada.

No dia 14 de Dezembro de 2001, a UNESCO anunciou em Helsínquia a classificação do Alto Douro Vinhateiro (ADV) como Paisagem Cultural Evolutiva Viva. Com 25 mil hectares, inseridos na Região Demarcada do Douro, o ADV engloba 13 municípios, nomeadamente Alijó, Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Sabrosa, Carrazeda de Ansiães, Torre de Moncorvo, Lamego, Armamar, Tabuaço, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa.

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As empresas em Portugal são as mais penalizadas da Europa na hora de receber as facturas, com uma média de atraso de 87,5 dias, sendo o Estado o principal responsável, segundo um estudo da Intrum Justitia.

A Intrum Justitia, empresa de serviços de gestão de créditos que avalia semestralmente os riscos de crédito em vários países europeus, revela que os maiores atrasos nos pagamentos são da responsabilidade das entidades públicas (87 dias), seguida pelas empresas (34,2 dias) e particulares (22,6 dias)...

...O estudo da Intrum Justitia refere que a actual gestão de créditos das empresas portuguesas ainda se baseia numa política em que os fornecedores muito raramente recorrem aos meios legais existentes para forçar os devedores atrasados ou incumpridores.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Jet Set

por Nuno Markl



Johannes Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg. Nascido em 1398.

Presume-se que tenha falecido a 3 de Fevereiro de 1468. Um operário
metalúrgico e inventor alemão, a quem se deve, na década de 1440, a invenção
da imprensa. O poder da criação de Gutenberg seria demonstrado em 1455, ano
em que o inventor editaria a famosa Bíblia em dois volumes.


Sim, a Bíblia de Gutenberg tornou-se num marco notável na História das
palavras impressas. Até ao passado fim-de-semana...



No passado fim-de-semana, o semanário português O INDEPENDENTE publicou,
discretamente, no seu suplemento VIDA, uma coluna de opinião da autoria de
Catarina Jardim. Quem é Catarina Jardim? Nada mais, nada menos do que a
popular Pimpinha Jardim. Que fica desde já a ganhar a Gutenberg neste
ponto - Gutenberg não tinha nenhum nome de mimo. Ele era capaz de gostar de
ter um nome de mimo - não deve ser fácil ser Johannes Gensfleisch Zur Laden
Zum Gutenberg - mas creio que ainda não era muito comum, na Alemanha do
século XV, atribuírem-se nomes de mimo. Muita sorte se alguma das namoradas
lhe chamou alguma vez JOGU, o único diminutivo aceitável de Johannes
Gutenberg. E mesmo assim não é muito aceitável, porque soa demasiado próximo
a iogurte, e isso é uma indústria completamente diferente daquela na qual
Gutenberg se movia.


Voltemos então a Catarina Jardim e à sua coluna no jornal. O título do
artigo é TODOS A BORDO, e trata-se - como o nome indica - de um relato
detalhado sobre um cruzeiro a África que a jovem fez.


Ela diz, no início "O cruzeiro a África foi uma loucura, pode mesmo dizer-se
que foi o cruzeiro das festas - como alguns dos convidados chamavam ao navio
em que Luís Evaristo nos presenteou com MAIS UM BeOne on Board". Gosto da
maneira como ela fala, sem explicações nem perdas de tempo, de pessoas e
iniciativas sobre as quais boa parte dos leitores não faz a mínima ideia
quem sejam ou no que consistem. Nada contra - isto faz com que qualquer
leitor se sinta cúmplice e rapidamente imerso no universo Pimpinha.
Adiante.


Ficamos a saber que ela esteve em Tânger, e que a experiência foi,
possivelmente a mais marcante da vida desta jovem.
Passo a ler o que ela escreve:


"Tânger é bastante feia, muito suja e as pessoas têm um aspecto assustador."

Nunca fui a Tânger, mas já fui a sítios parecidos e subscrevo inteiramente
as palavras de Pimpinha. Malditas pessoas pobres, que só estragam o nosso
planeta com a sua sujidade e o seu ar assustador! É preciso ser-se mesmo
ruim para se escolher ser pobre, quando se pode ser tão limpo e bonito.
Quando se pode ser, em suma, rico.


Eu penso que a Pimpinha acertou em cheio na raiz de todos os problemas
mundiais da pobreza. Andam entidades a partir a cabeça em todo o mundo a
pensar nisto, andou a Princesa Diana a gastar tantas solas de sapatos caros
a visitar hospitais, capaz de apanhar uma doença, quando nós temos a
Pimpinha com a solução. Se calhar basta lavar estas pessoas, e talvez -
acompanhem-me neste raciocínio; Pimpinha vai ficar orgulhosa de mim - se
calhar basta lavar estas pessoas, e em vez de gastar rios de dinheiro a
mandar comida para África, porque não os Médicos Sem Fronteiras passarem a
andar munidos de botox. Botox! Reparem: não é fazer cirurgias plásticas a
toda esta gente feia que vive nestes países, porque isso seria demais.

Mas, que diabo - botox? Vão-me dizer que não é possível ir de vez em quando
a estes sítios e dar botox a estas pobres almas? Como o mundo ficaria mais
bonito.


Adiante. Pimpinha desabafa, dizendo, sobre as pessoas de Marrocos, "apesar
de já ter viajado muito, nunca tinha visto uma cultura assim - e sendo eu
loura, não me senti nada segura ou confortável na cidade".

Talvez. Mas vamos supor que trocavam Pimpinha por, vamos supor, 10 mil
camelos. Era um bom negócio para o Independente. Dos 10 mil, escolhia, vamos
lá, 2 para passar a escrever a coluna - o que poderia trazer melhorias
significativas de qualidade - e ainda ficava com 9 mil 998. O que, tendo em
conta que Portugal está a ficar um deserto, pode vir a revelar-se um
investimento de futuro.


Pimpinha prossegue: "Já em segurança, animou-me a festa marroquina, com toda
a gente trajada a rigor".

Suponho que, para a Pimpinha Jardim, "uma festa marroquina com toda a gente
trajada a rigor", tenha sido assim tipo uma festa de Halloween, tendo em
conta que os marroquinos são - como a colunista diz umas linhas acima -
gente feia como nunca se viu.


Adiante. Ela diz: "A seguir ao jantar, mais um festão que voltou a acabar de
madrugada". Calma - esclareçam-me só neste aspecto, para eu não me perder.
Portanto, houve uma festa, não é? E a seguir, outra festa. OK.

Uma pessoa corre o risco de se perder nestes cruzeiros, com toda esta
variedade de coisas que acontecem.


Diz Pimpinha: "Desta vez não deu mesmo para dormir já que fomos expulsos dos
camarotes às 9 da manhã, para só conseguirmos sair do navio lá para as 14
horas. Tudo porque um marroquino se infiltrara no barco e passara uma noite
em grande, uma quebra inadmissível na segurança".


Ora bom. Ora bom, ora bom, ora bom, ora bom.

Portanto, aqui a questão é: viagens a Marrocos e festas com pessoas vestidas
de marroquinos, tudo bem. Agora, se pudessem NÃO ESTAR LÁ os marroquinos,
isso é que era jeitoso. Malditos marroquinos, sempre com a mania de estarem
em Marrocos. E como é que acontece esta quebra de segurança? Eu compreendo o
drama de Pimpinha. É que o facto da segurança deixar entrar um estafermo
marroquino vestido de marroquino, numa festa com gente bonita vestida de
marroquina, isso só vem provar que, se calhar, os amigos da Pimpinha não são
assim tão mais bonitos do que essa gente feia de Marrocos. E isso é coisa
para deixar uma pessoa deprimida.


Temos nós a nossa visão do mundo tão certinha e de repente aparece um
marroquino e uma brecha na segurança... Enfim - nada que uma ida às compras
não resolva, ao chegar a Lisboa, certo, Pimpinha?


Adiante. Diz Pimpinha: "Já cá fora esperava-nos um grupo de policias com
cães, para se certificarem de que ninguém vinha carregado de mercadorias
ilegais - e não sei como é que, depois de tantos avisos da organização,
ainda houve quem fosse apanhado com droga na mala!"


DROGA? NUMA FESTA DO JET SET PORTUGUÊS? NÃO! COMO? NÃO. Recuso-me a
acreditar. Deve ter sido confusão, Pimpinha. Era oregãos. Era especiarias.


Pimpinha Jardim declara: "Mas o saldo foi bastante positivo. Aliás, devia
haver mais gente a arriscar fazer eventos como estes".


Gosto desta Pimpinha interventiva. Sim senhor, diga tudo o que tem a dizer.
Faça estremecer o mundo. E com assuntos que valham a pena. Aliás, era capaz
de ser uma boa ideia escrever um e-mail ao Bob Geldof a tentar fazê-lo ver
que essa história de organizar concertos para combater a pobreza em
África... Para quê? Geldof devia começar era a organizar concertos para
chamar a atenção do mundo para a falta de cruzeiros com festas. Isso é que
era. Mania das prioridades trocadas. Que maçada.


Mesmo no final, a colunista remata dizendo: "Devia haver mais gente a
arriscar fazer eventos como estes - já estamos todos fartos dos
lançamentos, 'cocktails' e festas em terra".


Aprecio aqui duas coisas: a utilização do "já estamos todos", como se
Pimpinha voltasse a acolher o leitor no seu regaço como que dizendo:

"Sim, tu és dos meus e também estás farto de lançamentos, 'cocktails' e
festas em terra. Excepto se fores marroquino, leitor. Se for esse o
caso, por favor, exclui-te deste 'todos' ou então vai tomar banho antes, e
logo se vê".


Depois, é refrescante saber que Pimpinha está farta de lançamentos,
'cocktails' e festas. Eu julgava que nos últimos dias a tinha visto em
cerca de 250 revistas em lançamentos, 'cocktails' e festas, mas devia ser
outra pessoa. Só pode ser. Confusões minhas.

Em suma: finalmente, há outra vez uma razão para ler O INDEPENDENTE. Todas
as semanas. Tardou, mas não falhou. Pimpinha Jardim é a melhor aquisição que
um jornal já fez em toda a História da Imprensa mundial.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Feliz Natal

Frio???? Nada disso